Mais do que mudar a forma que consumimos entretenimento e informação, a internet transformou as pessoas em produtos de mídia ou melhor, em produtos transmídia, que têm "vidas" em várias mídias.
Assim pensa Marcelo Gluz, gerente de novas mídias da Globosat, programadora de canais pagos da Globo.
"A vida real é transmídia: da mesma maneira que consumimos um produto de mídia, a gente consome nossos amigos. A gente segue nossos amigos como segue uma novela, uma série de TV. Hoje, a gente segue nossos amigos no Twitter, no Facebook, no Flickr. A gente começa a ver a vida de nossos amigos como se fossem produtos de mídia. O tempo todo a gente quer saber o que nossos amigos estão fazendo, quem estão namorando, o que recomendam", disse Gluz, durante o Fórum Brasil, evento dedicado à discussão da programação de TV.
Gluz falou sobre transmídia, uma palavra, como frisou ele, muito na moda ultimamente.
"Transmídia é uma história que se desdobra em diferentes plataformas, cada uma delas agregando um valor. Cada um desses canais pode ser consumido per si ou, o que é melhor, em conjunto", conceituou.
Em outras palavras, transmídia é o programa de TV aberta e/ou paga que tem uma extensão no celular e outra na web.
Gluz explicou que existem três níveis de transmídia. O primeiro é o da segunda janela. Por exemplo: uma novela que é feita para a TV aberta e tem uma reprise na internet ou em um canal pago.
O segundo nível é o da adaptação para uma nova mídia, a criação de um conteúdo extra, como as cenas extendidas de Passione (nelas, atores fazem um pequeno monólogo em que seus personagens falam sobre o que estão sentindo e como devem reagir).
O terceiro nível é o da expansão, que Gluz chama de "mais puro". Nele, uma mesma história é contada de formas diferentes em mídias diferentes, um produto que gera vários subprodutos. O caso mais bem-sucedido é o de Big Brother Brasil.
Segundo Gluz, o primeiro produto transmídia foi A Bruxa de Blair, de 1999, um filme barato que fez sucesso graças à repercussão que teve entre os fãs. Gluz contou que o produtor do filme defende que "o mais importante é deixar espaço para o fã se apropriar da história, reconstruindo, parodiando, amplificando e dividindo o sucesso".
O segundo exemplo de transmídia foi Matrix, também de 1999. O cartaz do filme já convidava para uma visita ao site oficial. Versão seguinte (Revolution) teve antes do cinema uma animação na web.
Hoje produtos transmídia de sucesso têm dezenas de livros sobre eles. É o caso de Lost. Para Gluz, a receita é deixar "dúvidas/incompletitudes, que levantam investigacões, hipóteses, discussões".
Fonte: Blog do Daniel Castro
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