quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Criador do Facebook sente na pele a exposição da privacidade


“Você não chega a 50 milhões de amigos sem fazer uns poucos inimigos”, diz a propaganda de “The Social Network”, filme que retrata a epopéia de Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, cuja estreia está programada para 3 de dezembro no Brasil.

Com orçamento estimado de US$ 50 milhões, o filme tem roteiro de Aaron Sorkin, criador da série “The West Wing”. Segundo ele, Zuckerberg “passa os primeiros 95 minutos como anti-herói e os últimos cinco minutos como herói trágico”.

Curiosamente, Zuckerberg considerava “West Wing” uma de suas séries favoritas. Dias depois de ser informado por um repórter da revista “New Yorker” que Sorkin é autor do roteiro do filme que devassa a sua vida, retirou esta informação de seu perfil no Facebook.

Baseado no livro “Bilionários Acidentais”, de Ben Mezrich, “A Rede Social” descreve a briga de Zuckerberg com os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss e Divya Narendra pela autoria do projeto realizado enquanto estudantes universitários e que resultou no Facebook.

É uma briga conhecida no mundo da tecnologia e que chegou aos tribunais seis anos atrás. Reza a lenda que os Winklevoss e Narendra receberam uma indenização de US$ 65 milhões, mas voltaram à Justiça para exigir mais, sob o argumento que foram enganados a respeito do real valor das ações que deveriam ganhar.

O mais interessante no filme e na disputa judicial é o fato de informações privadas a respeito de Zuckerberg terem ganhado publicidade. São informações comprometedoras sobre a sua prática à frente do embrionário negócio e sobre a sua vida pessoal que ele nunca dividiu com seus amigos no Facebook.

A alma da rede social que Zuckerberg criou, como se sabe, é o compartilhamento da privacidade. Quem a utiliza estabelece diferentes níveis de acesso à própria intimidade, de acordo com o grau de amizade de quem solicita. Para muitos críticos, porém, a rede social oferece pouca proteção à privacidade.

Em função do processo judicial, mensagens trocadas por Zuckerberg com amigos no MSN à época em que estudava em Harvard foram resgatadas. Numa destas mensagens, vazadas recentemente, o criador do Facebook diz: “Então, se você algum dia precisar de informação sobre qualquer pessoa em Harvard basta pedir. Tenho mais de 4 mil e-mails, fotos, endereços, sms…” Ao que o amigo, espantado, perguntou: “Como? Como você conseguiu isso?” E o jovem Zuckerberg respondeu: “As pessoas simplesmente me mandaram. Eu não sei por quê. Elas confiam em mim. Idiotas”.

Zuckerberg disse ao repórter Jose Antonio Vargas, na “New Yorker”, que arrepende-se profundamente do que disse na época. O fato é que o criador está sofrendo na própria pele as agruras que os críticos enxergam em sua criatura. E, com a estreia do filme, na próxima semana, a situação vai piorar.

Fonte: Blog do Maricio Stycer

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