domingo, 12 de dezembro de 2010

Quero ser um BBB! por Camila Araujo

O Reality Show foi criado para simular uma realidade. Parte-se do princípio que o programa não possui roteiro a ser seguido pelos participantes e o intuito é disponibilizar para os telespectadores como essas pessoas agem em um espaço limitado, como resolvem os problemas, os conflitos da convivência. Um exemplo bem conhecido é o Big Brother Brasil que fez tanto sucesso e atrai tantos olhares, que já está em sua 11ª edição. O entretenimento desses telespectadores é a reação dos confinados no dia-à-dia. O programa se limita a isso, as pessoas gostam de ver como as outras agem em situações consideradas difíceis.

Na sociedade espetacularizada em que vivemos a visibilidade é o intuito da maioria. Não importa a forma como você fica famoso, o que importa é ser famoso. Os 15 minutos de fama é extremamente importante e percebemos isso nos milhares de vídeos que são enviados para participar de cada reality show. As pessoas não possuem a menor vergonha de se exporem para conseguirem o que querem. Não existe mais uma diferença entre público e privados, os dois estão imbricados. A preocupação com o abafamento de uma suposta essência em troca da visibilidade não parece mais preocupar.

Com a web 2.0 o caminho para a fama ficou muito mais fácil. Todos podem colocar qualquer coisa na internet, o site Youtube é a principal porta para essas subcelebridades. Seja por talento ou por bizarrice, o indivíduo pode ser conhecido e receber vários acessoas nos seus vídeos. O que importa é mostrar o eu autêntico e real, ou supostamente real.

Como o slogan “Broadcast yourself” do youtube já diz, as pessoas querem cada vez mais mostrar-se a si para a massa consumidora da vida dita privada.

Realidade no ‘Edifício Master’ por Carolina Carrinho

Edifício Master’, um filme documentário dirigido pelo cineasta Eduardo Coutinho, retrata o cotidiano dos moradores de um prédio situado em Copacabana. Filmado em quatro dias, o filme consegue extrair histórias íntimas e reveladoras de vida dos seus habitantes.

A magia do documentário está em retratar a vida de pessoas comuns da classe média brasileira. Porém esse não é apenas mais um filme no estilo ‘reality show’, em que há uma necessidade pela busca da verdade, uma realidade extremamente ficcionalizada. Segundo Eduardo Coutinho, não importa se o que seus personagens falam no filme é verdade ou não, mas sim que eles consigam contar boas histórias, criar narrativas interessantes. Não aparece uma luta pela imediação, a todo o momento sabemos que existe uma câmera, e que os entrevistados também têm consciência dela, o que muda completamente a experiência da fala.

Em uma época que o indivíduo luta por visibilidade e fama, que quanto mais realista e ‘ao vivo’ for a obra, melhor, Eduardo Coutinho mostra o valor da ficção. O cineasta faz o caminho inverso, ele não recorre a ficção para retratar o real, mas sim um real que recorra a ficção. Por se tratar de um filme com não atores, personagens comuns, pode-se ter a idéia de que o relatado dos moradores do prédio é a absoluta verdade, que eles não estão interpretando. O cineasta nos mostra que é ao contrário, eles são personagens reais interpretando personagens para câmera, para o próprio Coutinho e para eles mesmos.

Em uma das tentativas de encontrar boas narrativas, a equipe de gravação encontra Daniela, que vai se mostrar uma das personagens mais interessantes e intrigantes do documentário. Eduardo Coutinho vê nela uma boa oportunidade de conseguir uma história em potencial, e a entrevista acontece em dois blocos, um com a equipe de filmagem e outra com o próprio cineasta.





O modo como o filme é editado e a maneira como as perguntas são feitas, ora Coutinho aparecendo em primeiro plano, outras vezes editado até sua fala, nos mostra a intenção do diretor em deixar claro que está fazendo uma ficção, e que usa os habitantes do edifício para montar personagens.

Celebridades do mundo virtual por Carolina Carrinho

Felipe Neto virou uma celebridade do mundo virtual gravando vídeos no YouTube. Sempre polêmico, falando de assuntos atuais, tenta ser um anti-herói do ciberespaço. Exibindo sua imagem, cria um personagem irônico e contestador, Felipe Neto reclama principalmente do exibicionismo. Um pouco contraditório.

No episódio em questão seu personagem fala de ‘Putaria pra aparecer’, jovens que fazem de tudo para ter os seus 15 minutos de fama. Essa necessidade da visualização, onde o que não aparece não é.

Neto mostra a sua personalidade na mídia, expõe sua opiniões, reclama de fãs que o perseguem, praticamente discrimina o meio pelo qual alcançou o sucesso. Ainda no final no vídeo pede apoio ao público para ter mais visualizações no YouTube.

Assim como Felipe Neto, os autores desse mundo espetacularizado precisam desse apoio público, pois ele confirma a subjetividade do autor, a celebridade se autolegitimiza, e acaba sendo o próprio espetáculo.