domingo, 12 de dezembro de 2010

Realidade no ‘Edifício Master’ por Carolina Carrinho

Edifício Master’, um filme documentário dirigido pelo cineasta Eduardo Coutinho, retrata o cotidiano dos moradores de um prédio situado em Copacabana. Filmado em quatro dias, o filme consegue extrair histórias íntimas e reveladoras de vida dos seus habitantes.

A magia do documentário está em retratar a vida de pessoas comuns da classe média brasileira. Porém esse não é apenas mais um filme no estilo ‘reality show’, em que há uma necessidade pela busca da verdade, uma realidade extremamente ficcionalizada. Segundo Eduardo Coutinho, não importa se o que seus personagens falam no filme é verdade ou não, mas sim que eles consigam contar boas histórias, criar narrativas interessantes. Não aparece uma luta pela imediação, a todo o momento sabemos que existe uma câmera, e que os entrevistados também têm consciência dela, o que muda completamente a experiência da fala.

Em uma época que o indivíduo luta por visibilidade e fama, que quanto mais realista e ‘ao vivo’ for a obra, melhor, Eduardo Coutinho mostra o valor da ficção. O cineasta faz o caminho inverso, ele não recorre a ficção para retratar o real, mas sim um real que recorra a ficção. Por se tratar de um filme com não atores, personagens comuns, pode-se ter a idéia de que o relatado dos moradores do prédio é a absoluta verdade, que eles não estão interpretando. O cineasta nos mostra que é ao contrário, eles são personagens reais interpretando personagens para câmera, para o próprio Coutinho e para eles mesmos.

Em uma das tentativas de encontrar boas narrativas, a equipe de gravação encontra Daniela, que vai se mostrar uma das personagens mais interessantes e intrigantes do documentário. Eduardo Coutinho vê nela uma boa oportunidade de conseguir uma história em potencial, e a entrevista acontece em dois blocos, um com a equipe de filmagem e outra com o próprio cineasta.





O modo como o filme é editado e a maneira como as perguntas são feitas, ora Coutinho aparecendo em primeiro plano, outras vezes editado até sua fala, nos mostra a intenção do diretor em deixar claro que está fazendo uma ficção, e que usa os habitantes do edifício para montar personagens.

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