
Para Suely Rolnik, a criação de personagens e o consumo que fazemos deles através da mídia são características da sociedade ocidental contemporânea. Segundo ela, estes são kits de “perfis-padrão” são vendidos pela mídia como identidades “prêt-à-porter” que estão prontas para serem consumidas pelo público. Suely compara esses personagens às drogas que vendem uma ilusão identitária.
Segundo Paula Sibília, o medo da solidão pode ser um dos fatores que leva uma pessoa a criar uma personagem de si própria. Porque, diferentemente das pessoas, os personagens são eternos enquanto houver a lógica da visibilidade.
Ilana Feldman acredita que, nos dias de hoje, há uma demanda pela estética realista que pode ser observada através da proliferação de vídeos caseiros, reality shows, jornalismo que faz uso de vídeos amadores a fim de legitimar a notícia e produções cinematográficas que fazem uso da estética realista a fim de dar um teor de precariedade à produção. Para Ilana, é comum que estas obras simulem a própria da não-encenação. No caso do blog da Imelda, aparentemente, a maioria das fotos é feita por ela mesma e transmitem certa noção de amadorismo.
Segundo Paula Sibília, na contemporaneidade, as fronteiras entre real e fictício foram embaçadas. E cada vez é mais comum que pessoas utilizem-se das ferramentas dispostas na internet para exibirem suas imagens criando, assim, personagens baseados na própria subjetividade, aos quais ela dá o nome de “eu”. Paula também defende a ideia de que há um gerenciamento próprio que faz com que as pessoas elevem a sua condição de produto e relacionem-se, cada vez mais, a outros produtos presentes no mercado. No caso de Imelda: lingeries, sapatos e acessórios eróticos.
Percebe-se, através das fotografias presentes no blog na Imelda, que elementos como os descritos por Rolnik, Feldman e Sibília, estão cada vez mais presentes em nossa sociedade, principalmente, num âmbito midiático.
Blog: Imelda Imelda
Um comentário:
A Globalização trouxe a possibilidade de libertação, de você pode mudar, ser o que você quiser. E essa questão da demanda de criação de personagens, vem legitimar ainda mais o perigo de se virar um nada.
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