sábado, 4 de dezembro de 2010

Tulla Luana e o espetáculo dos videologs por Yi Jing



Na passagem do século XX ao XXI, a internet - principalmente após o conceito de web 2.0 - se tornou um espaço em que todos podem publicar conteúdos, que ficarão disponíveis a qualquer pessoa do mundo inteiro. Textos e vídeos confessionais - os conhecidos blogs e vlogs - se espalham cada vez mais no meio internético.

Em novembro desse ano, a internauta Tulla Luana publicou um vídeo no YouTube, que circulou pelas redes sociais e blogosfera e acabou tornando-se um viral. Neste video, chamado "PROPAGANDA ENGANOSA DA COLHEITA FELIZ", Tulla Luana reclama de uma promoção (segundo ela, enganosa) da Colheita Feliz, um jogo do Orkut. O vídeo é gravado em seu quarto e quem está no controle da câmera é o marido de Tulla. A partir dessa gravação, os demais vídeos de Tulla passaram a ser acompanhados por diversos internautas, que se inscreveram em seu canal no YouTube.

A visibilidade foi tanta, que Tulla até fez uma promoção aos seus seguidores (a quem chama de "fãs"). A promoção sortearia um roupão do reality show Big Brother Brasil, que ganhou da Globo Marcas, após fazer um vídeo reclamando dos seus serviços.

Tulla Luana tornou-se uma "celebridade" da internet. Seus vídeos, antes voltados às críticas e reclamações de consumidor, passaram a ser direcionados aos seus espectadores. No vídeo "BEIJOS, BEIJOS E MAIS BEIJOS REENVIO", Tulla, cada vez mais, passa a adquirir a personalidade de uma apresentadora de TV. Com uma listinha de papel na mão, Tulla menciona os nomes de alguns de seus fãs e manda beijo a eles. Ela até comenta, no início de vídeo, que colocou uma plantinha para "melhorar o cenário" (seu quarto).

Seus vídeos são um espelho da sociedade do espetáculo de Guy Debord. Tulla dialoga com o público numa espécie de programa televiso (em formato de videologs). Em um dos vídeos, ela até diz: "hoje é dia 26 ainda, estou com a mesma roupa ainda. Gente, estou há 24h no ar com vocês!".

Com o boom dos videologs, o espaço privado (neste caso, o quarto) passou a ser público e midiatizado. O lugar da interioridade foi deixado de lado, privilegiando, desse medo, a exibição do eu, em forma de espetáculo.

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